segunda-feira, 12 de julho de 2021

aceder à raiz

vindo de um escuro
coroa o nenúfar
o rio        cerca-se de abandono
o olhar no silêncio das águas

espelho que te cega
para que atentes ao canto
das aves negras que dividem
a vida da manhã e da noite

de pés nus pela erva fresca avança
tudo pode uma vez mais começar
o canto quebra o gelo aparta as águas

há que preparar a casa encontrar o lugar
da partilha da luz e da sombra
onde a semente acede à raiz

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