cansei-me de levar como a luz
de um farol os barcos pelas fragas e
rotas do naufrágio o meu nome
aos teus lábios visto-me
de castanho e verde deixo este sol
secar os meus caracóis
enfrentando os raios
da manhã depois de entrar no mar
com cautela apanho umas quantas folhas
anónimas rubras e ainda frescas
relíquias desdenhadas
e numa praça onde um dia passarás
aí estou de braços ao alto e corpo torcido
russel edson disse que corri
para casa e entrando de rompante
como só os mensageiros o sabiam
fazer antes da sua morte
disse a meus pais ser uma árvore
enquanto eles só viram o outono da minha desilusão
na sua miopia imaginativa
dirão talvez foi um estilita
rir-se-ão de mim como outrora
riram dos acrobatas da vida
tão em fama hoje
entre os desolados e fatigados
do moderno e pós
quando um dia o que me deram
de nome enfim cruzar a tua memória
ou como destroço dar à tua boca
estarei ainda na praça entre animal e planta
imperceptível ver-me-ás
tanto
quanto a destruição
já lambendo os teus pés
e tarde
demais como todas as desculpas
Sem comentários:
Enviar um comentário