St. Hélène, Bordeaux
não és beatriz nem eu sou dante
e por guia esteve ausente vergílio
na nossa descida pelos labirintos
por estradas ladeadas de castelos
cruzando vilas vazias quase desertas
como esse lugar erigido por monges
hoje habitado por fugazes turistas
mijando onde calha crendo-se invisíveis
jovens empregados ensonados bocejando
e velhos pescadores que mal soltam as amarras
do barco que são passando o tempo olhando
o mar como se do rebate escutassem os mortos
ou a cantiga de uma sereia para uma última partida
e porque rolamos a sul lentamente perdemos
o ferry de outubro para a quase ilha
forçando-nos um novo desvio
outra travessia de perdição e a chegada
ao destino incumprindo o compromisso
temporal
aí a meio caminho desta viagem
encontrámos a serenidade para o recobro
um paraíso para o corpo e o estupor
tivemos também o nosso pessoal inferno
com a limpeza de um jardim e de uma piscina artificial
de águas paradas como um lago tomado pelo inverno
e esquecido pelos banhistas como afinal foi esta região
passado o verão aqui fizemos breves incursões
entre oceano e floresta até à antiga cidade de bordéus
onde renovámos laços afiançámos um retorno
e no regresso a casa para nossa surpresa
sermos recebidos com a afirmação
inesperada de uma amizade uma breve nota de
esperança para as relações entre estranhos
2 comentários:
bom ano
obrigado e um abraço
Enviar um comentário