por mais que escrevas,
os poemas, já outros
o disseram, não
te vão salvar, muito
menos o mundo. povoas
a tua vida e o que dela
é feita de sonhos, esboços
de um futuro, que afinal
sempre te será negado. e
dessa descoberta diária
viras-te, então, para
as coisas pequenas,
mergulhas nelas fascinado
sabendo que, da tua derrota
pela linguagem, vinda
da pobreza dos teus poemas
e da grandeza de todos
os outros, um outro
poema se escreve
entre ti e as coisas
escapando à linguagem
e a ti, mal o tentas dizer.
tornas, por fim, o teu rosto
para o dela e nenhuma
terceira derrota te assalta.
tudo é possível de novo.
4 comentários:
Tá bonito
hmmmm....
um abraço.
obrigado aos dois, embora: como se agradece a um anónimo, onde está esse rosto que se virou para o meu? e rui, não sei bem como interpretar a tua onomatopeia, se tivesses escrito "tá tudo fodido", bom, já perceberia qualquer coisa.
um abraço aos dois
mas nesse poema não "tá tudo fodido"....
ta tudo num abraço :)
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