quarta-feira, 4 de janeiro de 2023

é de muito longe que falas

é de muito longe que falas
para o sangue me correr
às mãos         é de muito longe

é de muito longe e de nenhures
um rumor gelado que escuto

tens de percorrer muito o longe
para cortar o escuro e desfazer o nó
chegar onde estou só desde a infância

vem pelo caminho da geada e neve de espelho
sob o passo como sobre o peito
o silêncio de margem a margem

é de muito longe
a solidão         urso acorrentado
que cada estocada põe no alvo
mais que a fala o correr do sangue

é de muito longe e de nenhures
um rumor gelado que escuto

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