quinta-feira, 15 de dezembro de 2022

ainda que digas que me conheces

ainda que digas que me conheces
fazes por ignorar o nome
dessa planta rasteira a cercar
o coração ao amanhecer
cingindo o dissipar da névoa e do escuro

ainda que digas         uma pedra cinde a boca
das palavras e do mel
até o rosto se voltar para a parede
atrás do mural do lençol

seguro entre as mãos um pouco de luz
aproximo-a de mansinho como um animal
cansado
tu vertes a atenção nos espelhos
de água e vidro

o silêncio responde por nós
à estranheza que se estende sobre a mesa
aos gestos despedidos do familial

Sem comentários: