terça-feira, 29 de novembro de 2022

o frio conhece os ossos como um dedo

o frio conhece os ossos como um dedo
um espinho         aclarava a neve
as sombras no seu detalhe de filigrana

na mesa
             as amarilidáceas de boca aberta
pasmavam com a beleza de ser
noite dentro de casa

não acendas uma luz         deixa os olhos
estreitarem o hábito no escuro

não digas uma palavra         deixa a cinza
relembrar o fogo esquecido dos lábios

as amarilidáceas poalham ouro na mão
é verão pelos teus dedos

não acendas uma luz

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