sábado, 19 de junho de 2021

já tudo está no invisível

já tudo está no invisível
na sua pronta potência
numa calma cega
muda

semente no escuro da terra
abrindo-se ao ouro de água fria
e ao olho na sua posse futura

frente ao rio lento
que do fundo do lodo se cortou
de verdes colunas e volúpia
de nenúfares
inebrio-me com o ar enobrecido
pelas lágrimas dos algodoeiros

reconheço o poema a vida
vindos de muito longe
para outro tempo após
a minha morte
na mesma exuberância
magnificência de baleia
e sua profunda inspiração
para o profundo mergulho

até que a linha cantante me vem
à boca dos dedos
e conduz a valsa do instante

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