quinta-feira, 20 de agosto de 2020

marés baixas da melancolia

publicado em Inefável 17

fecha os olhos e nas trevas vê
um mundo onde tudo está
em vez de outra coisa         depois
abre os olhos a meio da noite
do mundo onde cada coisa
está em vez de tudo         isto é
um poema         disseste abrindo as águas
brancas caídas sobre ti

pela janela nevavam cinzas
de vidas exiladas dos seus sonhos
de novo os muros do medo
e da suspeita descerram o horizonte
interior         um grito e o susto de
asas na rua despertam as árvores
à relíquia de uma raiz e a mim
a terra de uma língua
em visita às marés baixas
da melancolia

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