dobra o jornal
fecha a janela
enrola a revista
retira-te do campo
do hype e do hiper-
estamos até ao pescoço
atolados em dados
impelidos a pôr-nos falsamente a nu
encurtando a distância
até aniquilarmos a proximidade
da profundidade do eu e do outro
cheios de soberba
meus irmãos e minhas irmãs
cremo-nos sapientes e pomos o dedo
opinativo com urgência e pela boca
cegos proliferamos disparates
um pensamento
essa coisa preciosa
como o começo de um livro ou poema
e raro como a comunicação
tem a lentidão que leva do calcário
ao mármore e deste ao torso que nos emudece
tenhamos por favor cautela
a liberdade de expressão não garante
necessariamente
uma expressão de liberdade
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