terça-feira, 5 de junho de 2018

[havia aí por esse campo]

havia aí por esse campo
uma árvore que pelo vento foi
quebrada como a tua vontade
anos antes por palavras
ébrias de frustração e equívoco
numa noite que parecia não ter fim
como um olhar num espelho prisioneiro
do reflexo de um outro espelho noutro

aí estava          um elogio ao tempo        erigida
lembrando aos fortes
que a resistência está na maleabilidade

houve quem decidisse que a sua presença desfeava
o bucolismo dos futuros veraneantes
levaram-na e as ervas crescidas
esconderam os últimos traços

quando por lá passo o olhar
prende-se ao vazio que outrora dava frutos
e adocicava o ar como a sua voz
e as mãos reconfortando a criança
após a terrível queda que provocou

                                                       uma e outra agora
são revisitadas pela memória
as dores arquivadas para poemas e
conversas noutras noites sem fim

entro assim adentro no reino
vegetal
           perdoo sem esquecer
agradecendo com a flor dos olhos
com amor sombra e o abrigo
do peito quando a si
a noite parece a última

Bad Meinberg

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