sábado, 9 de junho de 2018
Galway Kinnell - VI. Os Mortos Erguer-se-ão Incorruptíveis
1
Um pedaço de carne emite
fumo no campo –
carniça,
caput mortuum,
restos,
lucros,
óleos,
incrustações,
miudezas despejadas de caixotes de lixo de hospitais.
Tenente!
Este cadáver não parará de arder!
2
“É você Capitão? Claro,
claro que me lembro – ainda o ouço
a dar-me uma lição no intercomunicador, Mantenha as suas armas ao alto, Burnsie!
e depois a gritar, Pare de disparar, por amor de deus, Burnsie,
esses são amistosos! Mas por amor de deus, Capitão,
eu já tinha começado, rajada
atrás de rajada, pequenos pijamas negros a saltar
e a cair... e lembra-se daquele piloto
que se pisgou para o Norte,
como o desfiz a categute nas suas próprias cordas?
um dos seus olhos tortos, um pedaço
do seu sorriso, vogava por mim
todas as noites logo após o comprimido para dormir...
“Era só
porque adorava o som
delas, acho que apenas adorava
a sensação de faiscarem nas minhas mãos...”
in Galway Kinnell, The Book of Nightmares, Boston & New York, Houghton Mifflin Company, 1971: 41-42
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