quem atravessa o mundo esquece-se
de si os olhos correm
predadores pela floresta
pairam nos campos
respigando o voo das aves
deslizam na corrente de ribeiros
vão como folhas
a caminho da lenta podridão
e o assassino que estripa
ou abre a fenda
na obra – de Jack ou Fontana
o golpe diferencia
tão pouco – leva-te
por esses cortes negros
sob o choro de anjos
a caspa de deus
e o enregelamento de gaia
um dia também ele restará
em paz
abandonado numa berma
incendiado ou tornado morada
de novíssima fauna e flora
em simbiose com a ferrugem e a borracha
e tu esquecido estarás
noutro lado
espalhado num jardim
cinzas sobre raízes
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