(NOTA: este poema foi escrito em resposta a uma solicitação de participação para o novo número da revista TrêsTrês, a qual aceitei e cujo tema é «Autor». Agradeço, aqui, publicamente, aos seus editores, pela qual fiquei sensibilizado e bastante honrado, bem como terem permitido a publicação neste blog. Agradeço, igualmente, ao Henrique Manuel Bento Fialho, de acordo com esclarecimento dos editores, por ter facultado o meu contacto; o seu pensamento, a sua sugestão, ou o ter-se lembrado de mim sensibilizam-me e honram-me. Vai-lhe dedicado, assim, o poema)
1 (1:1-1:5)
havia as trevas absolutas do quarto
e o corpo enrodilhado
nas tramas febris do lençol
sem qualquer palavra havia apenas
o tactear de um canto
duas paredes e uma queda
e o duplo movimento do coração
para habitar o côncavo
e entupir a garganta de terror
só a atenção corta o breu
estende a corda para percorrer
os campos do sono à vigília
locomotiva a sopro e balanço
atravessando por fim
o deserto de uma cama
(1,60x2,00)
a mão como uma ideia acende
o interruptor e a lâmpada de
halogéneo lentamente separa
o escuro intrometendo a luz
empurrando como um rebento a terra
e vi que tudo era bom nessa primeira hora
a que chamei quatro
da manhã a mais longa
disso de onde ela vem:
a noite
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