quinta-feira, 15 de agosto de 2024

Não damos mais as mãos

não damos mais as mãos
de permeio intrometeu-se um pequeno mundo
os nós que a vida teima em dar

também os lábios gelaram com o deserto
de beijos        movem-se assombrados
com palavras escuras mas rasgam-se
com a luz dos gestos da criança

os olhos refugiaram-se na atenção dos horrores
na displicência de um cansaço difícil de lavar
e trama a impaciência

anoitece entretanto       o outono
entra pela paixão        a secura
pelos campos

e como um aroma esquecido numa gaveta cheia
de linhos acende-se um passado
vem à beira-mar dos corpos
uma onda reencontrar o que nunca à partida esteve  perdido

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