terça-feira, 6 de agosto de 2024

O jardim

este caos vive eu não lhe toco
outros servem-se da esquadria
para os fazerem seus
eu pertenço-lhe        quando em si
entro como as ervas daninhas
e as que ignoro
o nome        pertenço-lhe
como as papoilas e as estrelas
da Pérsia
o ácer japonês a oliveira
a alfazema a hortelã a sálvia
os animais na sua diversidade

pertenço a este silêncio do labor da vida
não falo escuto apenas o tempo a encarquilhar
as folhas a queda a luz recortada
pela escuridão do meu corpo        este caos
está por dentro e não lhe toco

não se toca numa vida nem se a tem

eu entro nesse jardim onde elas estão
deitadas ao sol e junto-me emudecido
no silêncio de uma vida

Sem comentários: