terça-feira, 22 de agosto de 2023

a memória já não é uma suave papoila

a voz estala aos teus lábios
farpas
          pedras moldam as palavras que terias
uma vez o acaso de dizê-las

quem te embriaga no aroma das tílias
agora que a memória já não é
                                                uma suave papoila

quem te embriaga com o entardecer
a fazer sombra no rosto

a partilha
quebrada
uma fuligem na matéria das coisas
os gestos desabitados        tão próximos agora
do solipsismo

da morte

da vida

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