segunda-feira, 10 de julho de 2023

devolver o espanto

o vento trazia na dança de folhas
a seca do eucalipto
cessado o grito das máquinas e sereias
o furor das cigarras celebrava o sol 
                                                        comigo
a solene preguiça dos livros

eu via como caminhavam no que eu dizia
rumo ao sem-sentido         no fumo
as vozes acotovelando-se
para cada um nada ser atendido

fechei os olhos
junto ao peito

devolve-me o espanto
da infância
mostra-me um coração
incorrupto

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