louca tive uma
mulher que personificou a maternidade perdendo
a sua nobreza habitando a sombra
de outras vidas dessas sabia segredos
desgostos como se conhece um fruto
doce pelas bicadas das aves
o caminho pisado de uma larva
escondeu os sonhos no fumo e nas cinzas
e a clausura entre lãs e o ruído branco
da espera diária fechou o círculo
da perda
não chegou nunca a esquecer o que
poderia ter sido uma decrépita árvore
rebenta ainda na primavera
dêem-lhe o rosto
de uma neta
ou daquele que partiu por amor
e os seus olhos quase cegos ardem
de mel e sal
de entre todas as mulheres
louvo-te a ti
Mãe
Sem comentários:
Enviar um comentário