quem te amacia o dorso
lava as mãos de melancolia
cão preto em prado branco
deita o teu focinho no meu colo
ensina-me a reconhecer a gratidão
e com tua língua mapeada prova-me
que o perdão é ainda possível com tua garra
assolapa o escuro que assombra
o meu coração partisses hoje
cão preto em prado branco
e minha última esperança de ser humano
desapareceria no teu suspiro
cão preto em prado branco
tens um conhecimento íntimo
de mim que me escapa fica aquém
o que possa fazer por ti
cão preto em prado branco
com o seu manto vermelho
chega já o entardecer
o silêncio que nos toma e cobre
como a cinza o rosto não corras
tão célere atrás do veado e do javali
de te perder o meu medo sai-me da garganta
e o teu nome corta a floresta
cão preto em prado branco
quem te ama tão alegremente só
ama-te para além da espécie
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