é assim então que tudo isso começa. o deserto avançou e estacou o seu passo. as areias encontraram onde pousar. aglomeraram-se para que uma pedra. e a cabeça nessa pedra funda. movido. caído. recolhido. e isso surge. primeiro como rumor de semente no escuro. qualquer coisa que lentamente força, depois de tanto tempo remetido ao silêncio, à secura, à afasia e inépcia das mãos. de uma boca, olhas as águas do rio, a sua turbulência levantando lodo. se entrasse por essas águas adentro entrarias uma vez mais na escuridão, os pés cegos por aí fora, mas as águas sossegam. um dia isso sossega. e vês. o fundo, as mãos imprecisas, tacteantes, a boca a sorver o ar, um corpo a soçobrar à magnificência de uma vida. uma raiz funda quebrando a pedra. é assim então que isso começa.
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