demora-te e deixa o que corre seguir o seu rumo. a corrente da novidade é mais antiga, há demasiado fumo e o fogo é brando, a piada morre cedo. demora-te no que é lento como o pensamento que parte a pedra. dedica-te nessa demora, nessa permanência e atenta a ela. dá-lhe o teu amor, àquilo que te porta. rasgaste o seu corpo. expuseste o mais íntimo de si em troca de uma mão cheia de nada. roubaste. estropiaste. bebeste. comeste. abres uma e outra vez o seu corpo para as máquinas que empestam o ar que sorves. róis o osso, sugas o tutano. desbaratas. consomes e em todo o lado deixas o resto inconsumido pelo luxo. resiliente mostra-nos a sua graça. arrecadaste e deixaste-a nua e violentada. ela abre ainda assim um espaço para o teu corpo ou as tuas cinzas. arrecada o teu perdão entregando-te aos vermes. és sempre bem-vindo e ainda é tempo. demora-te com o teu amor.
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