para que nos abrigássemos fomos até à raiz da terra. avançámos o deserto até onde a vida exibia o seu feerismo. levámos a secura à água, o lume ao gelo. crendo-nos ser a excepção expulsámos o que se arrasta pelo chão, sobe paredes, se esconde em buracos, no oco das árvores, nas copas frondosas para o canto solitário de sedução. vasculhámos os cantos mais ignóbeis dando ao nojo o gosto do veneno. tendo já conhecido outros modos de habitar e proteger a tua fragilidade, continuaste pelo luxo não pela carência, pela ganância não pela fome, pela usura não pelo cuidado. trazes ainda a morte ao pescoço, em volta das mãos, junto ao peito, em torno das costas, cobrindo as pernas e para que não toques o chão sujo do teu medo. tudo fede a morte. eu quero pôr uma pedra, erigir uma morada.
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