quinta-feira, 21 de abril de 2022

notas sobre o assentar das areias (cont.)

tudo podia ser já uma outra coisa e ignoras o óbvio. foges agora ao deserto e ao vazio de fora, sem te dares conta que é em ti que tudo avança. juntas areia e água para cimentares uma possibilidade e os ventos da mudança cegam-te com a poeira de ilusões e desejos. seduzem-te e terá de ser de ferro a tua vontade. a tua terra é limpa pela arte da ocultação. mais a sul revela-se um mundo de plástico e lixo, fome e doenças, a arte de respigar: a desocultação. afinal tudo se trata do gesto metafórico físico: transportar. fomos de barco para mais, quando chegou a hora de outros embarcarem para o mais, recusa-se a passagem. tudo pode ser já uma outra coisa, mas a guerra tem outro corpo, a busca da riqueza outra matéria. progrides e nenhum passo mais deste na evolução. eu quero pôr uma pedra, erigir uma morada.

Sem comentários: