Num ano surrealista
de homens sanduíche e banhistas
girassóis mortos e telefones vivos
políticos domesticados com chicotes de festa
actuaram como de costume
nas arenas dos seus circos de serradura
onde acrobatas e homens-bala
encheram os ares como choros
quando um palhaço porreiro
pressionou um botão de cogumelo não comestível
e uma bomba inaudível de Domingo
caiu
apanhando o presidente nas suas preces
no buraco 19
Oh era uma primavera
de folhas peludas e flores de cobalto
quando cadillacs cairam por entre as árvores como chuva
afogando os prados em loucura
enquanto de cada nuvem de imitação
gotejaram miríades de multidões sem asas
de sobreviventes sem bolas de nagazaki
e chávenas perdidas
cheias das nossas cinzas
flutuaram por aí
in Lawrence Ferlinghetti, A Coney Island of the Mind, New York, New Directions, s.d. (1958), 44th edition: 14
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