e é como se nada tivesse acontecido
altivo procura agora um dizer de outrora
eras então infantil um corpo de espanto
só olhos orelhas e boca em admiração
doando-lhe um conhecimento que fechava
em silêncio segundo as leis do medo
um nada que preenchias
idealizando o que ignoravas
procuraste aproximar-te dessa ocultação
intocável e impossível de desvendar
pela matéria do silêncio da palavra escrita
pediste que dobrasse o seu olhar dignificado
dignificando a tua humilde humilhação
porém descobres hoje nada guarda
esse silêncio qualquer segredo
não há retorno senão forçando um regresso
escusando-o até da violência de ter sido
visto nu da idealização de um filho
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