sábado, 12 de dezembro de 2015

não há retorno senão forçando um regresso

e é como se nada tivesse acontecido
altivo procura agora um dizer de outrora

eras então infantil um corpo de espanto
só olhos orelhas e boca em admiração

doando-lhe um conhecimento que fechava
em silêncio segundo as leis do medo

um nada que preenchias
idealizando o que ignoravas

procuraste aproximar-te dessa ocultação
intocável e impossível de desvendar

pela matéria do silêncio da palavra escrita
pediste que dobrasse o seu olhar dignificado

dignificando a tua humilde humilhação
porém descobres hoje nada guarda

esse silêncio qualquer segredo
não há retorno senão forçando um regresso

escusando-o até da violência de ter sido
visto nu da idealização de um filho

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