domingo, 13 de dezembro de 2015

Sétimo Domingo de Páscoa


Não é isto o que queria dizer:
Arcos de estuque, rochas amontoadas em fila banhando-se ao sol,
Insignificantes olhos ou ovos petrificados,
Adultos encerrados em meias e casacos,
Pálido-adorno, sorvendo o fino
Ar como um remédio.

O espanto do cavalo detido no seu poste
de crómio atravessa-nos; os seus cascos mastigam a brisa.
A tua camisola de linho encrespado
Incha como uma bujarrona. As bordas do chapéu
Deflectem o deslumbramento aquoso; as pessoas inactivas
Como se num hospital.

Consigo cheirar o sal, muito bem.
A nossos pés, o mar de algas-pistácio
Exibe as suas sedas glaucas,
Curvando-se e submetendo-se como um antigo oriental.
Não estás mais feliz do que eu quanto a isto.
Um polícia aponta uma falésia vazia

Verde como uma mesa de bilhar, onde borboletas de couve (1)
Partem em debandada para o mar como fazem as gaivotas,
E nó picnicamos com o odor putrefacto de um pirliteiro.
As ondas pulsam e pulsam como corações.
Naufragados sob rebentos escumosos, deitamo-nos
Enjoados e febris.

(1) Pieris Rapae, espécie de borboleta totalmente coberta de “pêlos”, na ponta dos quais sempre se encontra uma gotícula de uma substância oleosa, segundo a wikipédia.

in Sylvia Plath, Crossing the Water - transitional poems

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