iamos na rua descendo tantos
anos já sobre sessenta e oito
clamando a sua propriedade furtada
desde antes da sua calcetagem
a raiva por demais silenciada
apertava punhos rostos gargantas
e porém quantos sorrisos em quanta gente
junta como se nada mais houvesse
senão amor a petição da vida a recusa
de se ser reduzido a um número
percorremos a cidade até ao sol
pôr e à noite frente ao palácio a lei
assentou praça na escadaria simbólica
quando o que há são corpos e sua natureza
chovia o que havia à mão de um setembro seco
alguém se imolara diziam ninguém está ileso
da culpa ou da lenta morte oferecida
pelo futuro todos a naufragar na subvida
e a tão pouca distância se enfrentaram os nossos
olhos num jogo entre tristeza e vergonha
2 comentários:
Belo poema, tal como a manifestação.
obrigado e sim também concordo.
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