segunda-feira, 19 de novembro de 2012

cinema copos conversa

          depois de uma noite de cinema (não foi esse o filme que se vê em baixo) com copos e conversa sobre vários temas, mas todos eles encadeados, discutiu-se uma ideia parva e excitadamente ébria (como são todas as minhas ideias, infelizmente, ou seja, sublinhe-se o "parvas") que versava sobre revolução, anarquia, amor, electrões radicais livres. a teoria (i.e., ponto de vista) ainda por muito desenvolver consiste na afirmação de que o problema não reside nem no social, nem no político, nem no económico, todas estas questões somente se resolucionariam após uma espécie de proairesis, no sentido estóico do termo, ou seja, uma espécie de salto da vontade "orgânica", do acontecimento enquanto corporal, para uma vontade "espíritual" (como detesto esta palavra e procuro evitá-la ao máximo, esta e outras da mesma "família" tais como deus, alma, anjos, etc., na qual concordo plenamente com C.F.Ramuz quando diz: "Há palavras de que temos medo de nos servir, porque temos medo de as empregar em vão. Não se deveria nunca falar em Deus, mesmo quando se acredita em Deus. Não se devera nunca falar na alma, mesmo quando se acredita na alma, Não se deveria também falar de poesia, mesmo quando se acredita na poesia"); é que por baixo dessas organizações, desses agenciamentos ou dispositivos, resta um total desconhecimento do que nós somos - depois de todo o progresso ainda nada sabemos de nós e o que sentimos em nada difere das sensações de um pré-histórico, ou um grego, etc. - e enquanto tal não se der como poderemos, na verdade, chegar à anarquia?

          então sugeri  que uma revolução nunca poderia começar por um movimento de massa, mas antes por elementos radicais livres que saltam de grupos para grupos - o grupo mais pequeno sendo composto por dois, o elemento radical e outro a que se liga - colocando-os em estado de excitação para que o grupo se desagregue e vá cada um excitar outro grupo. claro que isto leva milénios, não poderá haver nunca imposição, a relação de poder, que há sempre, deve ser reduzida à sua neutralidade, tudo deve começar por um encontro de dois corpos "despidos" e no grau zero de intensidade de modo a se moldarem - corpos dialógicos e responsáveis, ou seja, respondendo um ao outro num respeito (respicere, olhar para trás, olhar para a promessa do homem, da liberdade do homem que, por ser promessa, nunca será cumprida) ao rubro, amoral mas ético, encontrar um modo de existência daquele instante, por isso despidos de moral. o processo, obviamente, é infinito e nunca lá se chegará. tudo isto ainda vai piorar, a realidade ainda tem um longo percurso pela frente até chegar onde a imaginação já chegou com o seu pior cenário ("meu amor o homem/tamanha tristeza").

          como podem ver é uma parvoíce, eu entrei de facto em estado de excitação e rimo-nos. e ontem recebi isto da minha amiga e voltei a rir mais um pouco.






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