quinta-feira, 7 de julho de 2011

para o cláudio pereira

na periferia parece não sobrar tempo
por isso corres no sentido inverso do rio
rolando para o mar, pões a máscara
de Ulisses ajustada ao rosto com sombra
de três dias e o teu passo plana já
na planície cardada, onde o xisto
acompanha o mosto de vinho moroso na boca
de amigos planeando ataques à língua
de todos os dias, sentada
em autocarros, comboios, precários
espaços estendendo vasos comunicantes
de amor nenhum e só o corpo basta ao futuro.
e chegarás a casa, por fim, à cama
o gato, a mulher, sabe-se lá onde
os olhos, as mãos atarefadas
no tempo das coisas e as coisas
do tempo ou numa guitarra, que
não é azul como a de stevens, mas
onde a tua voz e dedos dedilhando
arrepiam a pele do mundo
o nosso a cada encontro esperado.

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