sábado, 2 de julho de 2011

em cinco dias évora-fès-évora fiz (xxv)

Aquilo era um luxo, mas um luxo um bocado pindérico. Bem melhor o aspecto quase tasca do Al Khozama. Mal entrávamos deparávamos com um grande biombo de madeira escura ladeado por dois vasos com aquelas plantas que parecem mini palmeiras, um bafo quente de ar condicionado misturado com um delicioso cheiro de comida, é verdade, mas escuro e com uma luz meio azulada que dava um aspecto frio. As paredes, cada uma delas, se bem me lembro, tinham a sua cor fazendo secções de ambientes diferentes com quadros, porcelanas, pratos de bronze martelados, etc. Os lugares estavam tomados por marroquinos e turistas finos, a conversar, a comer, a beber vinho e a fumar. Se não nos fizéssemos aparecer acho que ninguém nos viria buscar atrás do biombo, que era assim como que uma mini sala de espera. Por acaso não esperámos muito, veio o dono do restaurante, todo barriga e careca, bonacheirão, levar-nos para uma mesa perto da cozinha para aguardarmos sentados. Minutos depois, levantaram uma mesa e levaram-nos para lá. Uma empregada toda gira conseguiu fazer com que o T. se entaramelasse continuamente a fazer os seus pedidos e a S. e eu só nos ríamos. O T. deu uma de europeu e pediu um bife qualquer coisa, vinho marroquino, que também o há, e água. A S. e eu comemos tajine de qualquer coisa com cuscuz, uma dose gigantesca servida nos pratos típicos, ela bebeu vinho e eu chá de menta. Tivemos outra dose de palhaçada e riso de cansaço e ainda assistimos a uma discussão entre a tal empregada e um empregado à volta da gorjeta, naquele caso, como o restaurante era mais fino, o dono não ficava com as gorjetas mas os empregados que serviam às mesas. Quanto mais mesas mais gorjetas e a razão estava do lado da empregada pelo que percebemos. Ela é que tinha servido uma mesa qualquer, mas infelizmente encontrava-se ocupada no momento de retirar os pratos e receber a conta com outra mesa, o que provocou toda aquela confusão que não precisava de tradutor. Com duas palavras dirigidas à rapariga o bonacheirão do dono recolocou a ordem no seu estabelecimento. Pedimos a conta e esperámos sentados que a rapariga fosse lá receber.
Saímos bem servidos e de barriga cheia. Descemos a Mohammed V com calma e fomos directos para o hotel. Quando chegámos esperava-nos a conta dos quartos. No nosso quarto, meu e da S., fizemos a separação das águas e despedimo-nos. Preparámos as malas porque o dia seguinte iria ser longo, muito longo. Estávamos estafados e era preciso dormir. Caímos à cama e adormecemos em instantes e nem sequer li uma página.

(cont.)

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