sexta-feira, 17 de junho de 2011

em cinco dias évora-fès-évora fiz (x)

Mesmo com mapa, a chegada não seria nada fácil. É que, de facto, uma coisa são as estradas que estão desenhadas no mapa, outra coisa, e esta bem diferente, são as estradas que se percorrem. Alguma coisa deve estar mal. Ou bem que seguimos o mapa, ou então temos que desvendar o que se encontra escrito nas tabuletas que indicam as distâncias das cidades. Acho que se nota bem com isto a influência muçulmana no alentejo. Essa coisa do é já ali é uma treta, nunca é já ali, é ali vezes duas horas de caminho, falta pouco o tanas e a maior parte das tabuletas, de um momento para o outro, estão apenas escritas em árabe, coisa que não facilita nada.
Bom, lá íamos nós a cento e tal à hora, com a polícia a deixar-nos passar à vontade, ao contrário dos carros com matrícula marroquina, depois de sairmos do campo e entrarmos numa avenida longuíssima com rotundas até dizer chega. A partir de um certo ponto, descobrimos, melhor dizer a S. descobriu porque eu e o T. já conhecíamos os dotes da condução autóctone, que já não estávamos longe do nosso destino. Todo aquele movimento caótico só queria dizer uma coisa: Fès estava perto. Muito há semelhança da nossa entrada no barco, no Ramón Lull, aquilo era um ver se te avias. Carros a passarem o sinal vermelho, ultrapassagens pela direita, peões a atravessarem a rua quando os carros vinham a sapar, eu sei lá. A melhor maneira de conduzir é fazer o mesmo que eles e tirar os tomates e pendurá-los no retrovisor a ver se dão sorte e que nada aconteça. Deixando o espírito marroquino tomar posse do seu corpo, o T. seguia em frente sem papas na língua, por assim dizer. O que não estávamos nada à espera no meio daquele trânsito todo era a típica recepção aos estrangeiros. Quando nos encontrávamos parados num sinal vermelho, um tipo de mota começou a meter conversa com o T. já a querer ser o nosso guia dali em diante. Mas o T. Fès ouvidos de mercador e pois, pois, está bem, nós combinámos com uns amigos encontrar-nos ali mais à frente para irmos jantar, ou outra coisa qualquer. Só que o gajo da mota não nos largava, o tipo sabia que estávamos a mentir e vinha atrás de nós. Até que o T., já não me lembro bem, conseguiu despistá-lo, quero dizer enganá-lo, porque ninguém teve um acidente, ou o tipo fartou-se ao fim de cinco minutos e lá nos deixou seguir em paz.

(cont.)

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