quarta-feira, 6 de abril de 2011

terceiro poema - revisão

os poemas já outros
o disseram
(muralha de papel terra
de pó onde os dedos
mergulham)
não te vão salvar muito
menos o mundo. povoas
a vida e sua tessitura feita
de sonhos esboços
(escreve escreve
cifra um mundo)
futuro negado ao tempo
a ti furtado. o dia
descoberto pelas pequenas
(tu por exemplo tu
a cicatriz aluada sob o olho
tu a ruga ao canto
da boca e tu de novo)
coisas e mergulhas nelas fascinado
sabendo da derrotada língua
rangendo na pobreza dos teus poemas
(jazerás na fronteira anónimo
onde nunca teu nome
na muralha de papel terra
etc.)
e entre ti e as coisas
os outros um outro
poema se escreve
(entre ti e as coisas)
escapando mal o tentas dizer.
tornas por fim o teu rosto
para o dela e nenhuma
terceira derrota te assalta.
(recomeça)
tudo é possível de novo.

(versão original aqui)

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