a chuva e a dor
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Vem-me à memória a curta novela de Italo Svevo, Um embuste perfeito. É uma história que nos apresenta um homem que publicou há cerca de quarenta anos um romance, o único da sua vida. Pagou a edição do seu bolso. O livro não teve qualquer reconhecimento, nem de leitores, nem da crítica. Nunca mais escreveu fosse o que fosse – além de umas cartas comerciais, o que não deixa de evocar o nosso Fernando Pessoa… Ultimamente, antes de adormecer, inventa fábulas de pássaros, como resposta às suas inquietações. No quarto ao lado, o seu irmão sofre com a gota, e por isso precisa de calor e da voz do irmão, que então lhe lê, até ele adormecer em boa paz, páginas do velho e ignorado romance.
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