sábado, 16 de abril de 2011

insónia v


havendo uma imagem qual
a que me cabe aos teus olhos
(derriscando do rosto os rastos
seremos estrategas da ocupação
de um lar em equilíbrio
precário. a fome ainda
não nos derrota)
quem de fora nos visse
corpos ainda solares ao verde
porém subjugados ao som
das horas o sono canino
o contínuo respigar de pinhas
ao lume da lareira
(habitando a casa só os ápices
de batidas e um sorriso de ascendência
onde nós somos olhos vadiando)
é tanto o dito que o dizer
um quase nada do silêncio
(e repara da boca a felicidade
e o que será esse entre nós
conhecimento fastio o terrível
bem-estar sem surpresas
de nenhuma palavra)
há sempre o medo a rondar
e a podridão sob o reino
(o desassossego vem do filho
e do mundo em torno
ou do ofício mal-amado)
expecta-se a vida fora de nós
a vinda da amizade em visita
(no fundo ninguém está bem)
e quedamo-nos em prazeres com
duvidosos corações mergulhados
em álcool revoltas do baixo-ventre
a vontade de dizer por absoluto
amemo-nos do silêncio para fora.

(versão original aqui)

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