quarta-feira, 4 de agosto de 2010

da escrita e do mundo

"Inês vira-se primeiro para o homem, depois para as duas irmãs grandes, mais ainda para Leila:
- Só agora ao escrever eu sei.
Mas é ele que reage:
- Que sabes tu, afinal... assim, ao escrever? Que estamos sós?
- Mas tu não estás sozinho - ousa Oliana - e no esntanto acabas de escrever. Terá sido um sacrifício?
- Não, mas foi um erro, porque ferimos a árvore.
- Mas é a realidade que é responsável pelo erro - ousa Oliana uma segunda vez.
- Meu ciclista, para ultrapassar os erros da realidade é preciso não crescer!
Leila articula distintamente:
- Há o mundo e há o nosso mundo. Nós traduzimos o mundo, não o transcrevemos, somos rivais dele. É como se fôssemos poesia ou poetas."

Joëlle Ghazarian, Cântico do crime, edições quasi, trad. Júlio Henriques, 2007: 192.

Sem comentários: