sábado, 6 de fevereiro de 2010

a adormecer

fico ainda a pensar naquele momento
a despedida que não sei descrever sobre
que signos se jogaram que gestos nos restam
enforcava os meus dias entrançando os cabelos
que foste largando nas camisolas
que vestias casacos cachecóis
muitos deles foram sendo enrolados nos meus dedos
berlindes para o meu entretenimento
revia cartas cadernos punha de parte
o teu correio como eu me punha de parte
escondido esperando à espreita
pela estreita frincha da porta que não se fecha
que se recusa a fechar a deixar-te
fora de casa tal como fizemos aos gatos
à roupa estendida que continuava
a lavar e a estender ao sol como os gatos
se lavam e se estendem ao sol à mesa
no pátio onde tantas vezes o café era
bebido ao sol à sombra da árvore
que nunca soubemos o nome
e de quem não me despedi.

Sem comentários: