segunda-feira, 19 de outubro de 2009

poema





a princípio a mente sente-se contundida
o escuro consolida-se do azul, e apaga as janelas:

ele apreciava os acidentes, por serem governados por leis,
como bitola adequada, quer da paixão
seu próprio sustento. a sua graça
primeira dúvida entre as sombras
fronteira das nossas confluências, aparências,
apenas, mas a expressão na face: a dádiva

sob a luz crua
vai escorregando
para o outro, mas em direcção
das mescladas redundâncias de um fim de manhã
e ossos trabalham para a consumação da vontade
num abandono dos seus poderes à ilusão,
que primeiro o atravessa, depois nele se prolonga,
para aprender mais coisas
e nós já tinhamos passado por situações parecidas
para além do que é forma e identidade. fui para dentro.

entre um sonho de medo e o seu objecto.
em que tudo acabava no desabamento:
que nos surpreende os ouvidos com o mesmo tom
pelo que invejo o jeito dos seus corpos.

vivemos à superfície dos nossos corpos
ganhando o ritmo do pesadelo recorrente
ou assim parece. mas não foi colhido o aviso
a cintilante palavra de dois gumes
contudo, por que nunca o levou o céu a divagar,

e agora um nada aberto
da sua solidão
uma hesitação à entrada
é verdade: as curvas não são traços desta vista,

contudo, não devemos
apenas pelo modo como anda.
fazer falar os mortos. e os mortos falavam
a saudar a chegada da ajuda que o condenou,
que inventámos os anjos, mas não as aves,

a partir de Poemas de Charles Tomlinson

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