em quantas madrugadas, arrefecidas pelo repouso ondulante,
vimos a noite erguida nos teus braços.
aqui as ondas entram no crepúsculo sobre a cota reluzente;
funde o vento ao ritmo das ondas
as algas gelatinosas que se arrastam pela costa, – talvez
o teu desígnio – ainda uma praia para além do desejo!
insistente durante o sono, uma maré de vozes
– serenamente agora, antes do dia reclamar os nossos olhos
que se agitavam, dia após dia, debaixo do monte
ou é o nosso sorriso sabático e inconsciente
de ficar sem fôlego – a teu gosto… eh?
agarrando-se à infância como um jogo sem fim
(oh! noites que me levaram até ao seu corpo despido!)
que és tu, perdido no interior deste encanto sem marés?
nenhum abraço se entreabre a não ser o pungente mar,
e flancos e olhos nupciais que escondiam um orgulho dourado.
até que imortal sangrasse na madrugada.
e vi-te mergulhar para beijar aquele destino
e fizemos as nossas juras nas cercas desertas de cobalto…
mas nós – demasiado tarde ou demasiado cedo, não importa…
regressámos pelo longo trilho! escolhido na sombra
(serás um vagabundo até ao fim?)
com os olhos carregado de erva verde
rocha ameaçadora – verde – que ressoa – que afoga
e selvagens filhas do mar
(a última viagem foi uma tragédia) – onde estás
de novo caindo no silêncio, enquanto o tempo limpa
e temos o riso, ou mais lágrimas inesperadas.
novas realidades, novas ideias vagas no murmúrio aveludado
detectives terrestres do vento em patrulha de madrugada.
as estrelas raiaram os nossos olhos com antigas certezas
e isto, a tua outra mão, sobre o meu peito
sempre capaz de tudo dar até ao fim dos meus últimos dias.
nem agora ou repentinamente, – não deixes nunca que
qualquer apelo – cai inútil entre as ondas.
toda a noite a água alinhou os teus cabelos com negras
pérolas fustigam-lhe as ancas, uma chuva de fios em turbilhão.
oh chuva às sete
que confunde Março com os céus Antárcticos de Agosto
ao pôr-do-sol com uma paciência silenciosa de teias de aranha…
que revelam um novo destino a reencontrar…
passarás os dedos pelos joelhos – e desejarás estar na cama
e assim
calma
e um pouco mais vazio que antes
aqui na orla da água os ponteiros deixam cair a memória;
lançam uma resposta como se todos os barcos do mar
como saudações, despedidas – nas alturas dos planetas cintilantes
tantos casais numa única crisálida, –
murmúrios como antífonas oscilam no azul celeste
A partir de A Ponte de Hart Crane
2009
vimos a noite erguida nos teus braços.
aqui as ondas entram no crepúsculo sobre a cota reluzente;
funde o vento ao ritmo das ondas
as algas gelatinosas que se arrastam pela costa, – talvez
o teu desígnio – ainda uma praia para além do desejo!
insistente durante o sono, uma maré de vozes
– serenamente agora, antes do dia reclamar os nossos olhos
que se agitavam, dia após dia, debaixo do monte
ou é o nosso sorriso sabático e inconsciente
de ficar sem fôlego – a teu gosto… eh?
agarrando-se à infância como um jogo sem fim
(oh! noites que me levaram até ao seu corpo despido!)
que és tu, perdido no interior deste encanto sem marés?
nenhum abraço se entreabre a não ser o pungente mar,
e flancos e olhos nupciais que escondiam um orgulho dourado.
até que imortal sangrasse na madrugada.
e vi-te mergulhar para beijar aquele destino
e fizemos as nossas juras nas cercas desertas de cobalto…
mas nós – demasiado tarde ou demasiado cedo, não importa…
regressámos pelo longo trilho! escolhido na sombra
(serás um vagabundo até ao fim?)
com os olhos carregado de erva verde
rocha ameaçadora – verde – que ressoa – que afoga
e selvagens filhas do mar
(a última viagem foi uma tragédia) – onde estás
de novo caindo no silêncio, enquanto o tempo limpa
e temos o riso, ou mais lágrimas inesperadas.
novas realidades, novas ideias vagas no murmúrio aveludado
detectives terrestres do vento em patrulha de madrugada.
as estrelas raiaram os nossos olhos com antigas certezas
e isto, a tua outra mão, sobre o meu peito
sempre capaz de tudo dar até ao fim dos meus últimos dias.
nem agora ou repentinamente, – não deixes nunca que
qualquer apelo – cai inútil entre as ondas.
toda a noite a água alinhou os teus cabelos com negras
pérolas fustigam-lhe as ancas, uma chuva de fios em turbilhão.
oh chuva às sete
que confunde Março com os céus Antárcticos de Agosto
ao pôr-do-sol com uma paciência silenciosa de teias de aranha…
que revelam um novo destino a reencontrar…
passarás os dedos pelos joelhos – e desejarás estar na cama
e assim
calma
e um pouco mais vazio que antes
aqui na orla da água os ponteiros deixam cair a memória;
lançam uma resposta como se todos os barcos do mar
como saudações, despedidas – nas alturas dos planetas cintilantes
tantos casais numa única crisálida, –
murmúrios como antífonas oscilam no azul celeste
A partir de A Ponte de Hart Crane
2009
2 comentários:
uau...digo eu que sou limitada nas palavras mas não nos sentidos
não sei se devo agradecer, uma vez que sou tanto ou mais limitado, já que me aproveito das palavras e dos livros dos outros (coisa que fazemos há milénios)
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