terça-feira, 18 de agosto de 2009

Ingeborg Bachman





Desprende-te, coração, da árvore do tempo
E dos teus olhos que regem o céu
De saudade até ao esvoaçar dos cabelos,
Quando a gaivota cai e te grita o sinal
Com o bater da culpa – não estamos em casa.
Vêm aí dias difíceis
Crescemos ou morremos ao Deus dará.
Um raio de luz lançou toda a doçura
Uma mão cheia de dor perde-se para lá da colina.
Coloca uma palavra
Entre os peixes, calada.
Nenhum país, nem um só, por trilhar –
A tua carne pensa na minha
Os gatos magros
Seguro-te na mão
Nós seremos testemunhas.
Se a morte faz seu cúmplice o instante
Entre rosas e sombras
No estranho brilho de inverno
E juras tolas –
Com as pontas dos dedos
Tem seu triunfo a morte, o amor é festejado
Segue-nos agora de perto
Mais longe, para fim nenhum.
Não te perdi, a ti,
Aprendi a entender as coisas.

2007
A partir de O tempo aprazado de Ingeborg Bachman

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