terça-feira, 18 de agosto de 2009

Robert Lowell





este rosto, há séculos uma memória,
via as aranhas cruzando o ar.
pode vencer um tigre. um morto
olha, as estrelas imóveis, todas elas semelhantes,
e eu, irritado e maníaco
com um pânico histérico, celibatário,
bem disposto e intimidado,
tudo acolhendo com um sorriso,
bronzeado e jovial, de compleição demasiado rosada,
distraído e radiante…
as lágrimas correram-me pelas faces…
a única alma não-histórica a vir para este lugar.
durante toda a noite segurei a tua mão,
terna, rápida, implacável –
“o calor da noite obriga-nos a manter abertas as janelas do quarto”.
minha velha chama, minha mulher!
na mesma cama e apartados,
enquanto caminho
pra trás e prà frente, pra trás e prà frente,
no meu único ponto de repouso
o Jardim Público. tudo está vivo –
sussurrava à nossa volta nas folhas
mais delicadamente para o sol.
as coisas perduram, mas aqui, às vezes, durante dias
a minha mão recua. Ainda hoje anseio frequentemente
sufocar por privacidade
além da vala
a abençoada pausa
contigo.

2007
A partir de Os mortos da União e outros poemas de Robert Lowell

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