domingo, 2 de novembro de 2025

estar onde não há ruído

estar onde não há ruído
nem o que se chamou
um dia amor         estar só

                                          sem que uma palavra te fira
nem o eco nos corredores de espelhos
do teu coração vazio as repita e reflita

se nada do que se faz é certo
não terei de abrir a porta e entrar
na noite com a chama apagada

procurar debaixo da cinza
a brasa que ainda resta
só para ti e o sopro

dêem-me um rosto ou atirem o ouro
para mais além junto à outra boca
do túnel onde a morte espera

                                                como uma penélope         eu já chorei
a partida da minha cadela
e a casa está vazia

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