quinta-feira, 26 de junho de 2025

o cansaço dos dias

o cansaço dos dias
entrega-me ao estupor
como um carneiro à imolação
de olhar imerso em boçalidade
reservo-me à escuridão e aos seus segredos

pardais bebendo das poças      a respiração calma
do meu filho junto ao meu peito
o jogo de luz e sombra
por entre as tílias         o inapreendido e
privado que a vida ainda consente
na sua resistência 
                      
                              instantes que redimem
e consolam
desviam do precipício o passo
e o olhar
solicitam que me erga
contra a bruta e estúpida tristeza

mas ouço quem diga
é já pouco
o que te sobra
vem aí a noite
dou-te uma faca
para o sorriso
e para o riso uma voz
que não aceda 
a falsidade

talvez da ruína se possa estender
uma ponte que te traga ao meu coração

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