quarta-feira, 23 de novembro de 2022

o que me visita

o que me visita dá-se entre a mão
deixa ao partir o espírito
indomado pelo desapego

estaca atento distante
da deriva desapiedada das aves
nas margens nevadas do rio

olham a manhã clara e esquecida
do retorno das palavras que pedem
para ser ouvidas

2 comentários:

Porventura escrevo disse...

Interessante conceito de poesia que se encontra por aqui.
Que me faz pensar.
Se a poesia nasceu para ser de compreensão imediata, ou de desafio permanente à lingua em que é escrita

fernando machado silva disse...

caro miguel,
se me permite, não vejo porque razão as duas não possam viver lado a lado; e se à primeira leitura o poema lhe parece obscuro, creia-me que, se o tocou, quer pela estranheza quer pela beleza desafiante, uma compreensão imediata ocorreu, podendo ela, porém, não ser ainda clara. e se lhe deu que pensar, para mim o poema funcionou.
um grande abraço e obrigado pela visita