segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

qualquer coisa

pássaros caminham sobre a neve         ao partir
deixam leves marcas na poeira branca
há nesses passos perdidos
a própria vida
dançante        impedido de prosseguir
olho o trilho até o silêncio se instalar
e a carne se queimar pelo gelo
 
de longe na tua núvem de sopro
chegas com a beleza enraízada
no teu estômago      uma semente de sésamo
uma lentilha        qualquer
coisa indefinida como um anjo
preciosa que avança como a luz
de um farol por sobre as vagas
de uma longa noite        sei-me salvo
prometido à remissão
acompanharei até meio esperando
que a mim nos meus últimos passos
não me abandone
ou a ti
 
cairá fatalmente a neve
todas essas marcas cessarão de ser 
sob o seu peso ou o calor
não há razão para a comparação
na relevância das criaturas
mas isto        peço-te        leva a peito
ahimsa paramo dharma
 

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