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voltar à casa das borboletas
abandonada e perdida a caminho
da vila esse lugar que me ensinou
as melodias do verão a meio dos seus silêncios áridos
despeço-me de noite dos pinheiros
idosos que cobrem as vias dos jardins de mármore
onde me queimava despeço-me acima
de tudo da infância e carrego
o passado acumulado em livros
de manhã visito antes que parta o velho
pai na sala de espera para a morte
brincando com os seus discos riscados
e a mãe que lá paira no porto de
abrigo num sexto andar de benfica
Penélope à espera dos seus Ulisses filhos
sem essa casa chega o ponto sem retorno
agora é sempre a descer
deito-me na cama e pergunta-me
a meu lado a minha mulher
porque choras porque tudo é
triste
e fodemos
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