sábado, 10 de agosto de 2019

Da tristeza e do amor do mar de Julho (cont.)

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voltar à casa das borboletas
abandonada e perdida a caminho
da vila         esse lugar que me ensinou
as melodias do verão a meio dos seus silêncios áridos

despeço-me de noite dos pinheiros
idosos que cobrem as vias dos jardins de mármore
onde me queimava          despeço-me acima
de tudo da infância e carrego
o passado acumulado em livros

de manhã visito antes que parta o velho
pai na sala de espera para a morte
brincando com os seus discos riscados
e a mãe que lá paira no porto de
abrigo num sexto andar de benfica
Penélope à espera dos seus Ulisses filhos

sem essa casa chega o ponto sem retorno
agora         é sempre a descer

deito-me na cama e pergunta-me
a meu lado a minha mulher
porque choras         porque tudo é
triste
e fodemos

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