O olho do poeta vê obscenamente
vê a superfície do mundo redondo
com os seus telhados bêbedos
e oiseaux de madeira nos estendais
e os seus machos e fêmeas de barro
com pernas boas e peitos de botão de rosa
em camas desdobráveis
e as suas árvores cheias de mistérios
e os seus parques de Domingo e estátuas atónitas
e a sua América
com as suas cidades fantasma e Ellis Island vazia
e a sua paisagem surrealista de
pradarias descuidadas
subúrbios de supermercados
cemitérios aquecidos a vapor
dias santos de cinerama
e catedrais a protestar
um mundo à prova de beijo de tampas de sanita de plástico tampax e táxis
cowboys de drogaria e virgens de las vegas
índios deserdados e matronas cinéfilas
senadores desromanizados e objectores de consciência conscienciosos
e todos os outros fatais fragmentos de escarificação
do sonho de imigrantes tornado demasiado verdadeiro
perdido
entre os banhistas
in Lawrence Ferlinghetti, A Coney Island of the mind, New York, New Directions Books, s.d. (1955), 44th printing: 13.
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