E no entanto, não,
talvez não nada. Talvez
nem sempre nada. Em roupas
tecidas de cuspo azul
de cobras, rastejo: encontro-me vivo
nas espiraladas
arcadas das impressões digitais de todas as coisas,
o esqueleto a gemer,
fios de sangue lamentando o lamento de todas as coisas.
6
As árvores-testemunha saram
as suas cicatrizes no fogo de carne,
a chama
ergue-se dos ossos,
a fome
de se ser novo descola
a minha alma, uma estranha luz azul reluz
em todas as cristas do mundo. Algures
nas lendas dos sacrifícios de sangue
o destinado bezerro
toma a fogueira nos seus braços, e ele
queima-a.
7
Tanto em cima: as últimas estrelas espalhadas
ajoelham-se na forma celeste da idade do Aquário:
um salpico
no topo da cabeça,
na relva deste terra que até as estrelas amam, salpicos das águas sagradas...
Como em baixo: no cemitério
as lanternas acendem-se, uma para cada um de nós,
em todas as janelas
de pedra.
in Galway Kinnell, The Book of Nightmares, Boston & New York, Houghton Mifflin, 1971: 67-68.
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