segunda-feira, 19 de novembro de 2018

visões da serra

1
ela vai sempre adiante
abre o caminho a passo de desejo
e curiosidade          a cada volta
o mesmo é novo porque há
a miríade do outro

como se eu fôra cego
abriu-me os olhos ao rato
esquivo que joga às escondidas
a toupeira cega pequena Dédalo
cujas patas são mãos e dá
vontade de cumprimentar num aperto
afável         o esquilo onda de fogo
vermelho que abrasa a vista
o coelho medroso célere fodilhão
produtor de chocapic natural
que aprecia         o veado de nádegas brancas
em saltos elásticos como molas de
carne e pelugem à procura de deus
o javali que lhe enche o coração
e os sonhos de uma caça infinita

se a soltasse           por instantes
                   desta corda que a mim me prende
a ela          vê-la-ia de arpão em baleeiro batel
e para rimar chamar-me-ia Ismael

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