sábado, 24 de novembro de 2012

José Mário Branco - do que um homem é capaz



Do que um homem é capaz
As coisas que ele faz
P'ra chegar aonde quer
É capaz de dar a vida
P´ra levar de vencida
Uma razão de viver

A vida é como uma estrada
Que vai sendo traçada
Sem nunca arrepiar caminho
E quem pensa estar parado
Vai no sentido errado
A caminhar sozinho

Vejo a gente cuja a vida
Vai sendo consumida
Por miragens de poder
Agarrados alguns ossos
No meio dos destroços
Do que nunca vão fazer

Vão poluindo o percurso
Co'as sobras do discurso
Que lhes serviu pr'abrir caminho
À custa das nossas utopias
Usurpam regalias
P´ra consumir sozinho

Com políticas concretas
Impões essas metas
Que nos entram casa dentro
Como a Trilateral
Co'a treta liberal
E as virtudes do centro

No lugar da consciência
A lei da concorrência
Pisando tudo p´lo caminho
P´ra castrar a juventude
Mascaram de virtude
O querer vencer sozinho

Ficam cínicos, brutais
Descendo cada vez mais
P´ra subir cada vez menos
Quanto mais o mal se expande
Mais acham que ser grande
É lixar os mais pequenos

Quem escolhe ser assim
Quando chegar ao fim
Vai ver que errou o seu caminho
Quanda a vida é hipotecada
No fim não sobra nada
E acaba-a sozinho

Mesmo sendo poderosos
Tão fracos e gulosos
Que precisam do poder
Mesmo havendo tanta gente
P´ra quem é indiferente
Passar a vida a morrer

Há principios e valores
Há sonhos e há amores
Que sempre irão abrir caminho
E quem viver abraçado
À vida que há ao lado
Não vai morrer sozinho

E que morrer abraçado
À vida que há ao lado
Não vai viver sozinho

3 comentários:

Unknown disse...

Bem a propósito deste dia cinzento e triste que é o 25 de Novembro.

fernando machado silva disse...

desse dia e de todos que vieram atrás até hoje

Unknown disse...

Mas cá dentro (e lá fora) inquietação...